Anais dos Seminários de Capacitação Museológica

Salvaguarda do Museu de Artes e Ofícios

Maria Regina Reis Ramos
Restauradora de obras de arte

Para falar da salvaguarda do acervo do Museu de Artes e Ofícios, temos que incluir os elementos integrados aos monumentos tombados da Estação Ferroviária de Belo Horizonte. Os monumentos em questão são os prédios da Estação Ferroviária (prédio A), na Praça Rui Barbosa, e da Rede Mineira de Viação (prédio B), que se localiza atrás dos trilhos e cuja fachada frontal é voltada para a Rua Sapucaí.

Os elementos decorativos integrados a esses monumentos são:

  • pinturas parietais com motivos florais e arabescos;
  • Apliques e relevos em gesso: rosáceas, molduras, capitéis de colunas e cimalhas;
  • Vitrais coloridos com desenhos ao gosto art nouveau;
  • Ferragens (gradil e portões descorados);
    pisos descorados.

O estado de conservação estrutural desses elementos decorativos varia de razoável a precário e, do ponto de vista estético, apresenta-se bastante deteriorado, considerando-se que algumas pinturas decorativas foram depredadas e outras, encobertas por seis camadas de repintura, escondendo, por várias gerações, a decoração original e o gosto estético vigente à época.

As obras de acabamento dos prédios da Praça da Estação datam de 1920 a 1922, e tiveram nos imigrantes italianos a sua principal mão de obra, como João Morandi, arquiteto e escultor; Francisco Agretti, pintor; Luiz Olivieri, pintor e escultor; Estevão Lunardi, marmorista, que fez os pisos de ladrilhos, e Victor Purri, serralheiro.

Os prédios são em estilo neoclássico estilizado, bem ao gosto eclético dos edifícios públicos da época da construção da cidade de Belo Horizonte, com elementos art nouveau e da renascença italiana em sua decoração.

Para o Grupo Oficina de Restauro, trabalhar na restauração desses prédios da Praça da Estação significa coroar um ciclo de intervenções que começou quando ainda fazíamos parte do quadro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) e fizemos levantamentos e projetos para essas edificações. Mais tarde, tivemos a oportunidade de trabalhar em quase todos os monumentos importantes da época da construção da cidade: Palácio da Liberdade, Palacete Dantas, Secretaria da Fazenda, a antiga Secretaria da Educação, Colégio Arnaldo, Igreja de São José, Palácio da Justiça, como também no acervo e no prédio do Museu da Pampulha, nos acervos do Museu Abílio Barreto e do Museu Mineiro, entre outros.

Depois da decadência do sistema ferroviário do país, os prédios da Estação ficaram um tanto abandonados e foram utilizados de forma improvisada por todos esses anos, sofrendo adaptações e pequenas reformas. Com isso, perderam muito da sua originalidade, como, por exemplo, o forro decorado em torno da claraboia central do prédio A, do qual se tem registro fotográfico, e que, em algum momento, foi raspado para receber uma pintura lisa branca; a própria claraboia, que deve ter abrigado um vitral decorativo, apresenta uma composição xadrez de vidros ordinários, em rosa e branco, que nada tem a ver com os outros vitrais e com a decoração interna do prédio. Daquele vitral original não se tem nenhuma foto ou registro documental, apenas a memória das pessoas com mais idade. Outras pinturas decorativas, sob os arcos das portas do saguão do primeiro piso do prédio A, foram raspadas e, delas, hoje só encontramos resquícios sob as camadas de repinturas. Os lustres de época desapareceram todos e, para a implantação do túnel do metrô, foram arrancados os belos azulejos decorados, dos quais restaram alguns poucos na parede de uma das escadas. Uma ideia para o futuro seria recuperar esse túnel, assim como as pinturas de alguns outros forros que estão em boas condições, mas não puderam ser restauradas.

Antes de abordar a questão técnica, devemos ressaltar que todas as intervenções, apesar do rigor técnico e metodológico, têm em vista a adequação do espaço para a implantação de um museu, de modo que muito da decoração pictórica que se encontrava perdida ou em estado muito precário (com mais de 70% de perda) não será resgatada, pois isso demandaria muito tempo, muito dinheiro e, principalmente, pressuporia um conceito de restauro de excessivo purismo estético em detrimento da instância histórica, isto é, da própria história dos prédios. Essa opção veio ao encontro do conceito museológico sobre o qual se funda o Museu de Artes e Ofícios, o qual seja, um museu cujo acervo é tratado de modo a evidenciar o registro do fazer, do uso, e não o aspecto decorativo dos objetos.

A decoração não deverá concorrer com as peças expostas, e sim apresentar-se como atrativo à parte, pois a funcionalidade do espaço foi alterada para se adequar ao Museu. Algumas paredes serão derrubadas ― obviamente, nenhuma com pintura decorativa ― para ampliar as salas de exposição, e serão criados novos espaços para atender às necessidades do museu, como banheiros, elevadores, lanchonete etc.

O prédio da Estação, denominado prédio A, foi o portal de entrada da cidade e, hoje, tornou-se um ponto de ligação, de conexão do centro com os bairros periféricos.

Apesar de todas essas modificações, o prédio em si poderá ainda contar sua própria história, a qual está inteiramente ligada ao tema do Museu: a história das artes decorativas aplicadas aos monumentos também faz parte da história da cidade. A mão de obra de imigrantes italianos, que trouxe esses ofícios de modelagem, pintura decorativa, pisos decorados e outros, trouxe também um avanço nas relações trabalhistas ― redução da jornada de trabalho, preocupações com a questão do trabalho infantil, entre outras.

As restaurações que, por ventura, forem executadas mais à frente serão como oficinas abertas, com o público podendo acompanhar as intervenções. A restauração é, em si, um fazer, um ofício vivo ativo que resgata a memória de outros fazeres que constituem o objeto desse Museu.

Antes de começarem as obras civis nos prédios, já ali estávamos em trabalho de restauro, há meses, funcionando em uma espécie de “ateliê ao vivo” sob o olhar dos transeuntes, dos usuários do metrô. Esse tipo de iniciativa ajuda a estabelecer uma relação de cumplicidade que é muito importante para uma futura conservação dos monumentos. É esse o sentido educacional da restauração: infundir um aspecto social e de respeito ao que está sendo realizado e ao que foi feito anteriormente.

Podemos falar com alguma propriedade desse tipo de experiência, porque já trabalhamos com muitas associações comunitárias, em cidades do interior do Estado, e comprovamos sua eficácia. Quando os cidadãos acompanham, participam ou pagam pela restauração, eles, naturalmente, tornam-se fiscais e protetores da obra restaurada.

Era muito interessante ver como as pessoas se surpreendiam com a beleza da decoração que estava escondida e que se ia revelando, aos poucos, com o processo de restauração. As mais idosas se sentiam muito felizes em ver resgatada um pouco da sua memória afetiva, e todas tinham alguma recordação ou um caso para contar. A lembrança daquelas pinturas as remetia a um tempo em que sua cidade era mais bonita e tranquila.

Todos nós sabemos da importância desse Museu e podemos imaginar, ainda que não na dimensão exata, o quanto ele vai influir no sentido estético e afetar o comportamento de quem circula em suas adjacências. Esse espaço vai se tornar um oásis no deserto de concreto que tomou conta da cidade de Belo Horizonte. Os prédios restaurados e o Museu serão ponto de referência e de orgulho para a cidade, assim como o é a Praça da Liberdade.

Gostaríamos de enfatizar a oportunidade única que nós, do Grupo Oficina de Restauro, tivemos ao inventariar, tratar o acervo e, ao mesmo tempo, restaurar o local onde essas obras serão instaladas. É, realmente, uma situação de completa realização executar todas as etapas concernentes ao processo de conservação e restauração artística e histórica.

Catalogação e Conservação do Acervo de Obras pertencente à colecionadora Angela Gutierrez

Adriano Ramos
Pesquisador e restaurador de obras de arte

Um conjunto de objetos pertencente à colecionadora Angela Gutierrez, composto de aproximadamente 1.800 peças e armazenado em galpões na fazenda Morada Nova, no município de Inhaúma, Minas Gerais, deverá compor, muito em breve, o acervo do Museu de Artes e Ofícios a ser instalado em Belo Horizonte pelo Instituto Cultural Flávio Gutierrez.

No princípio do ano de 2002, o Grupo Oficina de Restauro foi convidado a apresentar um projeto para a catalogação, conservação e restauração dos artigos colecionados. Após análises preliminares realizadas in loco e estudos mais detalhados sobre os artefatos e os materiais que os compõem, as propostas foram elaboradas e aprovadas pela diretoria do Instituto.

A coletânea, composta essencialmente de objetos e utensílios, abrange vários ofícios mecânicos, apetrechos de usos domésticos ou utilizados por artesãos. Os materiais são variados e, apesar da predominância da madeira e do ferro, muitos apresentam couro, pedra, cerâmica, tecido e diversas ligas de metais como suporte.

Por outro lado, a coleção apresenta significativa variedade de formatos e pesos contendo peças que medem milímetros, como as empregadas pelos ourives, por exemplo, e outras, como engenhos, barcos e carros de boi, que alcançam enormes dimensões.

Um ponto digno de atenção é a gama de instrumentos e utensílios desconhecidos que há muitos anos foram substituídos por similares industriais. Dessa forma, tornou-se imprescindível exercermos pesquisas bibliográficas em manuais de ofícios, destacando-se, entre mais de 20 livros pesquisados, o resumo da Encyclopédie, de Diderot e D’Alembert (Paris: L’Aventurine, 1986); Sistemas de Moagem: tecnologia tradicional portuguesa, de Ernesto Vieir de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamin Pereira (Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, Centro de Estudos de Etnologia, 1983), e A Joalheria: técnica e arte da joalheria, de Carlos Codina (Lisboa: Editorial Estampa, Coleções Artes e Ofícios, Lisboa, 2000). Também, por meio de consultas orais a oficiais mais idosos, foi possível obtermos determinadas terminologias de alguns desses objetos e o seu tipo adequado de utilização.

Durante as pesquisas bibliográficas, foi possível detectarmos um fato curioso e digno de registro. Trata-se da similaridade entre objetos produzidos por diferentes povos em distintas regiões do planeta que, seguramente, não mantiveram entre si qualquer tipo de contato. A necessidade de produção de um artefato para macerar grãos, fez com que o seu design seguisse um modelo padronizado, ditado mais pela obtenção de resultados satisfatórios do que pela liberdade criativa. Assim, moendas e pilões, somente a título de exemplificação, adquiriram traços similares em vários continentes, como o asiático, o europeu e o africano.

Para darmos início à catalogação do acervo, foi necessário o deslocamento dos historiadores Célio Macedo Alves e José Bizzotto Ramos e de um restaurador do Grupo Oficina de Restauro para a fazenda Morada Nova, munidos de fichas impressas com todas as informações necessárias. Paralelamente, a empresa Expomus elaborou um programa informatizado que, além da referida ficha, contém vários campos adicionais para que outras informações sejam inseridas.

No dia 21 de janeiro de 2002, os trabalhos de catalogação foram iniciados pelo ofício de carpintaria, seguido da ferraria, da tecelagem, da selaria, da cozinha, dos alambiques, da ourivesaria, do curtume etc. A título de auxílio para a seleção dos objetos em categorias, ficou determinada a divisão em “subtemas” dos ofícios na seguinte forma: Rural, Mestre de Ofícios, Corporativo, Extrativista, Ambulante.

No que concerne à numeração das fichas, e, consequentemente, à dos próprios objetos, ficou estabelecido que o número de tombo deveria ser composto inicialmente das letras ICFG, referentes ao instituto. A essas, seguiam-se as letras que indicavam os “subtemas”, como MO para Mestre de Ofícios e, ainda, as que determinavam as categorias, como CA, por exemplo, designando a Carpintaria, para, enfim, incluir-se a ordenação numérica. Assim, a identificação de tombo de uma pedra de amolar resultou em ICFG/MO/CA/0339.

Todos os objetos foram fotografados em duas ou mais posições com câmera digital. As fotografias de frente foram inseridas no campo superior da ficha no programa computadorizado, enquanto as outras foram armazenadas no campo denominado “imagens diversas”. Para a obtenção de melhores resultados, as fotos foram recortadas por meio da utilização do programa Adobe Photoshop.

No que concerne à datação dos objetos, e uma vez constatado que eles sofreram reformas ou foram integralmente refeitos para a utilização nos seus respectivos ofícios, observamos que era mais premente a localização temporal dessas tecnologias do que a datação isolada desse ou daquele artefato específico. Obviamente, que, diante de uma ferramenta preparada com esmero, à qual o autor tenha acrescentado informações decorativas com alguma indicação estilística, a datação tornou-se mais precisa. Entretanto, a maior parte das indicações da época de fabricação dos objetos ocorreu em função da sua utilização e, consequentemente, da sua disseminação em nosso território.

As descrições foram elaboradas com base em um modelo previamente definido, no qual os formatos composicionais dos objetos deviam ser descritos antes das anotações de todos os detalhes existentes. Complementarmente, no campo da observação, as suas funções — muitas vezes diversas, como no caso das tenazes que atendiam tanto aos ferreiros quanto aos curtidores de couro — foram anotadas.

Diante da dificuldade em determinar a origem de todos os objetos e utensílios pertencentes ao acervo, exceto quando havia inscrições com alguma referência sobre a sua fabricação, vimo-nos obrigados a recorrer à colecionadora Angela Gutierrez — que nos últimos 30 anos vem resgatando essas peças em locais os mais diversos possíveis —, em busca de auxílio na identificação de sua origem ou, ainda, na indicação de sua última procedência, nos casos em que objetos foram transferidos de local. Todas as peças foram medidas e pesadas e também avaliadas quanto ao seu estado de conservação, que, aliás, ocupa o seu devido espaço nos adendos que compõem a ficha de inventário.

Para falarmos da conservação desse rico e variado acervo, primeiramente devemos levar em conta que muitas peças foram resgatadas em situações mais do que precárias, pois se encontravam em pleno estado de abandono. Objetos como canoas, engenhos ou carros de boi, entre outros, eram utilizados ao ar livre e sofreram todos os tipos de intempéries, além dos danos naturais causados pelo uso excessivo. Acrescentem-se a essa gama de problemas os diferentes tipos de suportes que compõem o acervo — couro, tecido, pedra, cerâmica, madeira, ligas metálicas —, os quais, uma vez submetidos aos mesmos agentes de deterioração, apresentam distintas anomalias.

A intervenção em todo esse conjunto, exercida de forma harmônica e com qualidade estética para uma exposição de alto gabarito como a que se almeja, requer, primeiramente, uma definição conceitual entre as partes envolvidas no projeto. O critério adotado, em consenso, por todos os profissionais de áreas multidisciplinares que interferem nas decisões sobre o Museu de Artes e Ofícios baseou-se na constatação de que, por se tratar de objetos utilitários, fartamente empregados em suas funções, deveriam ser expostos com as marcas deixadas pelo tempo, devidamente tratados, é óbvio, mas sem incorrer em excessos que os caracterizassem como peças novas. Dessa forma, o princípio para o tratamento dos artefatos foi o da mínima intervenção, abrangendo o resgate da integridade físico-química dos objetos e a sua adequada apresentação estética.

Algumas dessas peças, em virtude do alto grau de deterioração em que se encontravam, demandaram intervenções mais profundas, restaurações que compreenderam consolidações de partes do madeirame carcomido, após a eliminação dos insetos xilófagos, complementações e/ou substituições de áreas localizadas, colagem de rachaduras e remoções de pinturas aplicadas inadequadamente. Entretanto, a maior parte das peças de toda a coleção necessitava tratamento conservativo, compreendendo limpezas, fixações, remoções das oxidações e aplicações de vernizes protetores. É oportuno lembrar que determinadas peças já reformadas em tempos anteriores tiveram mantidas essas intervenções, como alguns tachos de cobre que receberam remendos para se manterem aptos ao uso. Tal opção justifica-se pelo fato de que essas intervenções foram consideradas como parte da história do objeto e não interferiam em sua leitura primitiva.

Ainda que grande parte dessa coleção tenha sido resgatada, como mencionado, em condições mais do que precárias, a questão do controle da umidade relativa do ar foi considerada. Desde janeiro de 2002, quando os trabalhos foram iniciados, estamos monitorando com higrômetros os galpões em que os objetos se encontram armazenados. Constatou-se que a variação dos índices de umidade ocorre em faixas altamente aceitáveis e, portanto, benéficas à conservação das peças. Entretanto, vale o registro de que apesar da existência de tabelas com índices ideais de umidade para a conservação adequada de distintas categorias de materiais, os objetos têm correspondido satisfatoriamente às variações ocorridas nos depósitos.

Segundo a tabela que consta no livro do químico Gael de Guichen, Climat dans le Musée: mesure, fiches et techniques, publicado em 1984 pelo International Centre for the Study of the Preservation and the Restauration of Cultural Properties (Iccrom), os materiais inorgânicos (metal, pedra, cerâmica) devem ser mantidos em um índice de umidade que varia entre 0% e 45%, e os orgânicos (madeira, papel, têxteis, marfins, couro, pergaminho, pintura), entre 50% e 65%. Entretanto, uma vez acostumados a índices relativamente diferenciados e jamais submetidos a bruscas variações climáticas, os materiais se adaptam e podem ser preservados de acordo com os padrões de excelência.

No caso específico do acervo do Museu de Artes e Ofícios, em que objetos inorgânicos e orgânicos estão há décadas armazenados conjuntamente, e, portanto, já habituados às variações dos índices de umidade ali existentes, faz- se necessária a estratégia de manter essas mesmas condições nos espaços e vitrines onde as peças serão expostas. Cada peça, após ser devidamente tratada e identificada com uma pequena ficha, foi embalada com um fino tecido denominado TNT, que, pela sua característica absorvente, permite a entrada e saída do ar e dificulta a penetração e o acúmulo das partículas de suspensão. Por fim, os conjuntos de objetos, previamente selecionados, foram depositados em caixas de papelão de variadas dimensões, e ali ficarão armazenados até o seu deslocamento para o Museu.

A equipe, composta de um restaurador e um técnico em restauração do Grupo Oficina de Restauro, foi complementada com a contratação de um auxiliar de restauração e a participação de seis ajudantes selecionados pelos responsáveis do projeto Crê-Ser, da cidade de Inhaúma. Esse projeto, que trabalha com adolescentes carentes do município, está imediatamente subordinado ao centro comunitário da cidade, que tem como presidente a empresária e colecionadora Angela Gutierrez, Com a participação da Prefeitura Municipal de Inhaúma e significativo envolvimento da comunidade, o projeto Crê-Ser tem desenvolvido tarefas dos mais variados tipos com adolescentes da cidade, tais como oficinas de artesanato e complementação do currículo escolar, entre outras atividades.

Nesse contexto, optou-se pelo engajamento de seis desses adolescentes no programa de conservação do acervo do Museu de Artes e Ofícios, por meio de um convênio firmado entre o Grupo Oficina de Restauro e o Centro Comunitário de Inhaúma. Para atuar em trabalhos mais simples, como limpeza e aplicação de vernizes, com uma carga horária semanal de 20 horas, esses auxiliares receberam uma contrapartida financeira —como uma bolsa de estudos — que lhes permitisse ajudar no orçamento doméstico de suas famílias.

O resultado não poderia ter sido mais gratificante, pois, uma vez constatado o interesse dessa especial equipe pelas atividades que aprendeu a exercer com maestria, observou-se, durante esses oito meses de convivência, o sucesso do relacionamento humano entre as partes, numa clara demonstração de que iniciativas desse tipo só acrescentam benefícios às condutas das pessoas envolvidas.

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